Parabéns

Parabéns a Patrulha Guararapes que agora possui o seu próprio Blog.


Aqui vai um pouco da história do nome Guararapes, para inspirar vcs a continuarem a tradição dessa patrulha.

O significado de Guararapes
O movimento nativista liderado pelos pernambucanos, vitorioso nas duas batalhas de Guararapes travadas entre brasileiros e holandeses, entre 1648-9, pôs fim à ocupação da Companhia Holandesa das Índias. Como isso evitou-se que o nordeste, no continente brasileiro, formasse uma cunha territorial separando o Brasil em duas partes, uma girando ao redor de Belém do Pará e outra em torno do Rio de Janeiro. Deve-se pois as lideranças pernambucanas, a revelia das intenções da corte de Lisboa, a maior responsabilidade pelo Brasil colonial ter-se mantido politica e geograficamente unido.

Dois cartógrafos
"Entregai aos holandeses o Brasil...entregai-lhes quanto temos, e possuímos; ponde nas suas mãos o mundo; e a nós , aos portugueses e espanhóis, deixai-nos, repudiai-nos, desfazei-nos, acabai-nos." Pe.Vieira - Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal, Bahia, 1640
Engolido Portugal pela Espanha em 1580, as novas autoridades encasteladas em Lisboa a serviço de Felipe II, determinaram desterrar, em 1585, dois holandeses que lá estavam a serviço de D.Sebastião, o rei sumido em Alcácer Quibir e desde então enfantasmado. Chamavam-se eles Cornelius de Houtman e Jan Huyghen van Linschoten, uma dupla de aventureiros e bons cartógrafos que conheciam todos os meandros das expedições dos lusos. Foi um erro expulsá-los. De volta aos Países-Baixos, a dupla logo colocou à disposição dos seus conterrâneos tudo o que sabiam sobre as rotas ocidentais percorridas pelos seus ex-patrões de Lisboa.
O resultado não se fez esperar, para desesperança do jovem padre Vieira, as bandeiras heréticas dos calvinistas começaram a desfilar desfraldadas no litoral do nosso Nordeste. A West Indische Compagnie, a Companhia das Índias Orientais, desde que fôra fundada em 1621, entrara em guerra econômica contra os reinos ibéricos unidos. Na sua expansão por ambas as margens do Atlântico, desejava controlar as terras do açúcar e da madeira-tinta, em mãos dos seus rivais. Os soldados e prepostos ao seu serviço, após fracassarem na tentativa de ocupar Salvador, em 1624, conseguiram fazer pé firme em Pernambuco. Em fevereiro de 1630, o almirante Lonck jogou 7 mil homens sobre Olinda e, em seguida, sobre Recife. Nos anos que seguiram até a chegada de Maurício de Nassau, em 1637, eles tocaram fogo em todo engenho suspeito de abrigar resistentes.


Guararapes: Maurisstad
A presença do conde em Recife, no entanto, foi a epifania de Apolo nos trópicos. Com ele vieram artistas como Franz Post, e naturalistas como o dr. Marcgraf e o dr. Piso (que realizaram a primeira expedição científica no nordeste brasileiro), construiu palácios, pontes e belos prédios públicos, cujo fausto, até hoje, os recifenses, nostálgicos, celebram. Esperava, o príncipe, fazer da cidade remodelada e rebatizada como Maurisstad, a Cidade Maurícia, a base das operações de conquista dos batavos no continente. Desacertado porém com as chefias da W.I.C., que o acusaram de perdulário, Nassau retirou-se em 1644. Para historiadores como José Honório Rodrigues, Nassau – além de ter sido o melhor governante que o Brasil Colonial possuiu - representou a chegada ao Brasil do Renascimento (ainda que tardia de mais de século e meio).
A longa presença holandesa, que se estendeu até 1654, e os conflitos e guerras de emboscadas que ela provocou, fez com que centenas e centenas de escravos debandassem para os quilombos, fugindo bem para o interior, pondo em risco a produção açucareira. Era, o comércios dos açúcares, um dos maiores negócios do mundo de então, com um volume de comercialização superior a um milhão de arrobas. A restauração da independência portuguesa em 1640, reacendeu os ânimos dos reinóis e dos mazombos. Os empréstimos, impagáveis, que os donos de engenho e lavradores brasileiros assumiram com os ocupantes holandeses, serviram-lhes para unir forças. Antes de ser um levante nativista, como então o padre Vieira percebera, tratou-se de uma revolta de inadimplentes.


Indenizando os holandeses
Batidos nas duas batalhas de Guararapes, a primeira em 19 de abril de 1648 e a segunda em 17 de fevereiro de 1649, pelo mestre-de-campo Francisco Barreto de Meneses, os holandeses, perdidos o agreste e a zona da mata, recolheram-se para Recife onde resistiram ainda por uns anos até capitularem em 1654. O curioso aconteceu depois. O próprio vencedor de Guararapes, Barreto de Menezes saiu a campo de chapéu na mão para recolher entre os donos de engenho a quantia de 140 mil cruzados para dar uma compensação inicial aos invasores.
O padre Vieira, antevendo as complicações financeiras que adviriam da rebeldia dos senhores de engenho e esquecido do seu notável sermão de 1640, o Pelo Bom Sucesso das Armas Portuguesas - no qual, como um Jó nos trópicos, interpelou ninguém menos do que Deus por sua indiferença pela causa católica - , chegou a sugerir a Coroa, num parecer de 1648 chamado Papel Forte, que “damos Pernambuco aos holandeses, e não dado, senão vendido pelas conveniências da paz”. Em 1662, oito anos depois da rendição deles no campina do Taborda, Portugal concordou em indenizá-los com 4 milhões de cruzados, metade deles extraídos dos recursos do Brasil. Assim, pela corte de Lisboa, o Nordeste teria ficado nas mãos dos batavos e hoje esse nosso continente estaria dividido por religião e língua,. não fosse a bravura dos nativistas do Agreste, de Recife e de Olinda.

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